Extraído de O Reformador, dezembro de 1993
Meus filhos!
A vida, sob qualquer aspecto considerada, é dádiva de Deus que ninguém pode perturbar. Todos os seres sencientes (que têm sensações) desenvolvem um programa na escala evolutiva de rumo a plenitude, a perfeição que lhes é meta final.
Preservar a vida, em todas as suas expressões, é dever inalienável que assume a consciência humana no próprio desenvolvimento da sua evolução.
Quando alguém levanta a clava para interromper propositalmente o ciclo da vida, faz-se um novo Caim, jogando sobre si mesmo a condenação da consciência culpada e experimentando o remorso, hoje, ou mais tarde, a necessidade de depurar-se, reabilitando-se, ao nadar nos rios de lágrimas. Por isso, os espíritas cristãos, compreendendo o alto significado da vida, levantam-se para defendê-la onde quer que se apresente e, em especial, a vida humana – estágio avançado do processo de iluminação do Ser, na busca da sua consciência cósmica.
Inspirados pelo Mundo Espiritual Superior, os obreiros co Cristo se erguem hoje para proclamar, não só o direito à vida dos fetos que têm o direito de nascer, como dos moribundos, que têm o direito a permanecer, até o último suspiro, no organismo em processo prévio de degeneração, como também do delinqüente, que pode transformar-se, arrepender-se e tornar-se instrumento útil à comunidade que agrediu, também a vida do atormentado mental, espiritual e moral, que sem resistência para enfrentar a luta, opta pela falsa solução do autocídio, mergulhado no insondável abismo de sombras e de dor.
Não apenas defender esse direito à vida, como também respeitar todas as vidas, como se apresentem, como quer que estejam, é tarefa primordial do Espiritismo, que pode ser considerado uma usina de poderosa força e, se por acaso não realiza a operação transformadora de seus membros, influindo no comportamento da sociedade, converte-se em uma potência, deixada à margem, que perdeu a finalidade de produzir energia para a utilidade a que se destina.
Por isso, o Espiritismo tem como objetivo primeiro a transformação moral do homem, e se esta não se dá, a mensagem pode ser comparada a uma lâmpada abençoada que, lamentavelmente, se encontra com a luz interrompida.
Dessa transformação moral, intransferível, individual, saem os outros objetivos que vão atender às necessidades coletivas, mudando as paisagens terrestres e convidando a criatura à construção real do mundo pleno que em breve defrontaremos.
E onde estarão as energias necessárias para cometimento, senão no lar, nessa sociedade miniaturizada onde se caldeiam (se misturam, se aquecem) sentimentos, onde se lapidam arestas, e muitas vezes, como buril (instrumento para cortar, gravar em materiais duros, pedras aço etc) se retiram a jaça (prisão), as anfractuosidades (saliências ou cavidades irregulares). Limando-se as asperezas para que o brilho da luz interior possa alcançar a superfície expandir-se?!
A família é a base da sociedade, que não pode ficar relegada a plano secundário. Viver em família com elevação e dignidade, é valorização da vida, na oportunidade que Deus concede ao espírito para crescer e atingir as culminâncias a que está destinado. É verdade que muitos obstáculos se levantam, gerando dificuldades para ambos os cometimentos. Quem, por acaso, atravessará as águas de um rio duas vezes nas mesmas águas?
Enfrentar tais obstáculos é a decisão do cristão renovado, que encontrou em Jesus a força poderosa, que Ele usou quando quis implantar Seu Reino de amor e de justiça na Sua época, guardando as proporções semelhantes a esta época.
Se os companheiros se revestirem de valor moral para combaterem o erro, pela sua atitude de coerência espírita-cristã, pela sua conduta eminentemente evangélica, lentamente, os espaços perdidos serão recuperados e será erguido na Terra o Reino de trabalho, de Fraternidade e de Amor.
Meus filhos, há muitas sombras, porque o bem apresenta-se com timidez, cedendo espaço ao mal, que alarga seus domínios pelo atrevimento de que se reveste.
Por isso mesmo, espírita seja a nossa definição.
Se necessário for perder as pobres moedas de César, para preservar a inteireza do conteúdo da Mensagem, confiemos em Deus, o Supremo Doador, que nunca nos deixou órfãos e jamais nos deixará ao abandono.
O Espiritismo nos liberta da ignorância e propicia-nos, pelas lições luminíferas da caridade, a ação social, na assistência e no serviço de socorro. Negar a procedência da inspiração, para conivir (concordar) com os métodos arbitrários e injustos da política terrestre, é o mesmo que ceder às paixões de César, como árbitro dos destinos, embora sem controle, sobre as vidas, significaria abjurar o nome de Jesus – que é a bandeira das nossas obras sociais -, para estar de braços dados com o poder temporal, recebendo-lhe o auxílio e apoiando-lhe as arbitrariedades.
Jesus disse que no mundo teríamos aflições.
Não será lícito, portanto, esperarmos outra resposta, senão a dificuldade. Graças à Lei Soberana, que é a Lei Natural a Lei de Amor, lutemos junto às autoridades competentes para falarmos do nosso apostolado e pedirmos respeito às ações renovadoras da sociedade que vimos desenvolvendo em nome da caridade.
Não temamos nunca! Estejamos unidos na defesa da vida em família, digna, suportando reveses e incompreensões. Ser espírita hoje é o mesmo que ter sido cristão ontem.
Quantas vezes veremos nossas melhores palavras adulteradas e voltadas contra nós?
Em outras oportunidades enfrentaremos os desafios da urdidura (trabalho) da calúnia, da malversação de valores e das acusações indébitas; em novos ensejos, defrontaremos problemas íntimos, no santuário doméstico, ralando-nos o coração e, mais adiante, sofreremos a insidiosa interferência dos que se comprazem na preservação desse estado de coisas, atormentados da erraticidade inferior, ferindo as fibras mais íntimas do nosso sentimento.
Não terá sido por outra razão que o Mestre nos recomendou o Amor – Amor sempre – e a Oração, meus filhos!
Como é verdade que os Seus discípulos nos faremos conhecidos por muito amar, não menos verdade é que esse amor – que se inicia em nós - , deve expandir-se até eles, todos eles, os que nos criam embaraços e dificuldades, que nos ameaçam e nos provocam lágrimas, em ambos os planos da vida.
No mais é confiar em Jesus.
(...) Meus filhos, estes são os dias chegados. Tende ânimo, preservai a coragem, sede fiéis , valorizando a vida e vivendo em família com elevação, para implantardes na terra a família ideal, cujos membros, vinculados ao Reino de Deus, sejam realmente irmãos.
Que o Senhor nos abençoe!
São essas as palavras dos trabalhadores do Mais Além que por nosso intermédio fazem-na chegar às vossas mentes e aos vossos corações.
Com o carinho paternal de sempre, o servidor humílimo. ▪
Bezerra.
(Mensagem psicofônica recebida pelo médium Divaldo Pereira Franco
no encerramento da Reunião do Conselho Federativo Nacional,
em 7/11/93 – Brasília/DF
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