OBSESSÃO PELA LÍNGUA
Os motivos da obsessão variam se-gundo o caráter do Espírito. Às vezes a práti-ca de uma vingança contra pessoa que o ma-goou, na sua vida ou numa existência ante-rior. Outras é apenas desejo de fazer o mal, pois sente prazer em atormentar e humilhar. Ao se irritar, mostrando-se zangado, a vítima faz precisamente o que o Espírito quer. Pois alguns agem pela inveja que lhes desperta o bem, e por isso lançam sua maldade sobre criaturas honestas.
Aquele que deseja ajudar o obsedado, deve ser ascendente sobre o Espírito obses-sor. Essa ascendência só pode ser moral, porque então se impõe, e o Espírito se vê obrigado a inclinar-se. Era por isso que Je-sus possuía tamanho poder de expulsar os maus Espíritos.
Damos aqui alguns conselhos gerais, porque não há nenhum processo material, nenhuma fórmula, nem qualquer palavra sacramental que tenha o poder de expulsar os Espíritos obsessores.
As imperfeições morais do obsedado são um obstáculo à sua libertação. Eis um notável exemplo, que pode servir de instru-ção a todos.
Desde alguns anos que várias irmãs vinham sendo vítimas de atos estranhos de depredação. Suas roupas eram espalhadas por todos os cantos da casa e até mesmo pelo telhado. Eram rasgadas, por mais cuidado que tivessem em guardá-las. Seus pertences sempre quebrados e destruídos. Essas se-nhoras viviam numa pequena cidade provin-ciana, acreditavam estarem sendo vítimas de brincadeiras de mau gosto. Nunca tinham ouvido falar de Espiritismo. Mas a persistên-cia dos fatos e as precauções que tomavam, afastaram essa idéia.
Muito tempo depois procuraram o Es-piritismo. A causa ficou bem clara, mas o remédio era mais difícil. O Espírito que se manifestava era evidentemente malfazejo. Mostrou, na evocação, grande perversidade e inacessível as boas influências. As prece, parecia exercer sobre ele algum domínio. Mas após algum tempo de descanso, as depreda-ções recomeçavam.
Eis a respeito o conselho dado por um Espírito superior: - “O que essas senhoras têm a fazer é rogar aos seus Espíritos prote-tores que as fortaleçam e não as abandone. Que mergulhem na própria consciência para se confessarem consigo mesmas, que exami-nem se praticam a caridade e o amor ao pró-ximo. Não me refiro à caridade que dá e dis-tribui bens, mas à caridade da língua. Infe-lizmente elas não sabem cont~E-la. Gostam bastante de falar mal do próximo e o Espírito que as obseda tira sua desforra, porque em vida foi para elas um bode expiatório. Basta-lhes sondar a memória para descobrirem com quem estão lidando.
Entretanto, se chegarem a melhorar, seus anjos da guarda voltarão a auxiliá-las e sua presença será suficiente para afastar o Espírito mau que se apegou a elas por seus atos maledicentes e maus pensamentos.
O que elas precisam é fazer preces fervorosas pelos que sofrem, e acima de tudo praticar as virtudes que Deus recomenda a cada um, segundo a sua condiçãO”.
Acrescenta o Espírito protetor: - “Eu tenho a dizer isso que disse e como disse, porque as pessoas acreditam que nenhum mal fazem pela língua, quando na verdade o fazem e muito”.
Livro dos Médiuns (Allan Kardec) Cap. XXII
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